7 dicas a considerar nas previsões para 2021

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2020 está (finalmente) a terminar! Temos adiado as previsões para o próximo ano à espera de um caminho mais definido, mas continuamos na incerteza e o processo de orçamento que, por norma nesta altura já estaria concluído há muito, urge em ser definido, uma vez que muitas incertezas dos últimos meses se mantêm. Mas como? Com que bases?

Num mercado mais instável e imprevisível do que nunca, com toda a insegurança de fatores externos e sem previsões conclusivas do que acontecerá nos próximos tempos, agravado pelo facto de que os anos de histórico não serem comparáveis, para servirem de base sólida de informação, torna-se, no mínimo, desafiante saber o que podemos esperar e prever para o próximo ano.

Em situações como esta, importa fazer uma pesquisa profunda e angariar o maior número de dados macro possível provindo de fontes e entidades credíveis como a Organização Mundial de Turismo, Euromonitor, IATA, European Travel Commission, FMI, Turismo de Portugal (nomeadamente através da plataforma Travel BI), consultoras de renome mundial como a McKinsey, entre outras fontes.

Através destas fontes, destacamos alguns estudos, dados e previsões que poderão servir de ponto de partida para as previsões de 2021:

 

1.        Comparação 2021 vs. 2019 ou vs. 2016 (e não vs. ano anterior):

o    OMT indica uma queda independentemente do cenário, Setembro 2020:

  • Cenário positivo: quebra de -29% face a 2019 (números em linha com 2012)

  • Cenário negativo: quebra de -45% face a 2019

  • É estimado que os países/ hotéis que historicamente apresentavam uma percentagem maior de mercado internacional vs. mercado nacional irão apresentar um ritmo de recuperação mais lento, uma vez que a resposta mais célere será do mercado nacional devido ao sentimento de insegurança, assim como devido a todas as restrições de viagem impostas pelos diferentes países.

o    Projeção Mckinsey, Setembro 2020:

  • Cenário positivo: quebra de -16% face a 2019

  • Cenário negativo: quebra de -39% face a 2019

o    Projeção Euromonitor Internacional, Novembro 2020:

  • Cenário positivo: quebra de -21% do número de chegadas internacionais face a 2019

  • Cenário negativo: quebra de -45% do número de chegadas internacionais face a 2019

  • Europa: 2021 terá uma queda de cerca de 20% face a 2019 de receitas em USD Million

o    Secretária de Estado do Turismo, Rita Marques: “Penso que temos condições para no ano de 2021, 2022 termos os números não de 2017, 18 e 19, mas de 2016, que foi um ano positivo, mas não foi um ano extraordinário” (in Publituris, 2 Outubro 2020)

  

2.       Prever a curto, médio e longo prazo: para quando uma recuperação dos índices que foram registados em 2019?

o    IATA prevê que só em 2024 voltaremos a registar tráfego aéreo em linha com 2019

o    OMT indica que levará entre 2 anos e meio até 4 anos para recuperar níveis de 2019 nas chegadas internacionais – são traçados 3 cenários, sendo que o mais positivo indica 2,5 anos e o mais negativo 4 anos

o    Euromonitor estima uma recuperação da procura turística entre 3 a 5 anos

 

 3.       Curva de recuperação: será mais evidente em que altura de 2021?

o    Prevê-se que a recuperação do Turismo seja visível essencialmente após Abril/Junho 2021, especialmente pela o efeito da vacina (estimativas apontam para que apenas nesta altura “a vacina” contra COVID-19 seja massivamente comercializada). Tal como se registou no final de Agosto (fonte: Siteminder World Hotel Index), com a abertura dos corredores aéreos britânicos, é esperado que a vacinação generalizada coincida com um período de levantamento de restrições e, por consequência, num aumento significativo de procura.

o    Em notícia da Secretária de Estado do Turismo à Publituris, refere-se que “a governante lembrou que a Organização Mundial do Turismo (OMT) aponta para uma aceleração da atividade turística a partir do segundo trimestre de 2021.”

 

4.       Quais os segmentos mais afetados?

o    Corporativo individual: com redução de custos/orçamentos das empresas

o    Eventos corporativos: em que se estima que parte da quebra perdure no médio longo prazo com a criação de novos hábitos como teletrabalho/videoconferências

 

5.       Devo criar uma estratégia para 2021, tendo em consideração as dificuldades na previsão?

Ao longo dos últimos meses têm sido várias as previsões revistas pelas principais entidades (onde destacamos IATA e OMT). A instabilidade vivida ao longo dos últimos meses tem tornado complexa a tarefa de prever a recuperação e têm sido recorrentes as atualizações que tendencialmente são feitas em baixa face a previsões anteriores. No entanto, a criação de uma estratégia ganha ainda maior importância em anos de instabilidade – uma vez que permite antecipar os desafios e formular respostas / ações através da simulação de potenciais cenários. Conforme referido anteriormente, organizações como Mckinsey, OMT e Euromonitor traçam vários cenários possíveis para 2021, estimulando a capacidade de adaptarmos cada plano de ações, de acordo com o cenário que se vier a materializar.

 

6.       Devo esperar menos hotéis em 2021 e, simultaneamente, mais procura?

 Se a maioria dos indicadores pós-COVID são negativos pela redução na procura – essencialmente de mercados estrangeiros e segmentos corporativos e grupos – devemos ainda considerar que várias fontes apontam para insolvências e/ou reestruturação na oferta hoteleira. Por essa razão, espera-se que os hotéis que permaneçam em operação possam obter um “share” maior do mercado existente.

Por outro lado, de notar que quando se referem algumas comparações de 2021 a anos passados como 2016, de relembrar que teremos, no geral, mais oferta hoteleira (com novas aberturas que se registaram nos últimos anos e outras unidades que irão abrir no decorrer de 2021)

 

7.       E depois de traçada a estratégia, quando é que sei que o mercado está a recuperar?

De forma a complementar as análises anteriormente feitas, importa consultar no dia a dia outras fontes externas que nos apresentam dados e estatísticas que permitem acompanhar a mercado. Deixamos algumas que, de forma gratuita, foram criadas nos últimos meses para suportar o sector na recuperação:

  • Siteminder Hotel Index: disponibiliza dados como a variação do número de reservas e a booking window para os próximos meses

  • Sojern COVID 19 Insights: indicadores sobre o comportamento da procura baseados em estatísticas de quando e quem está a reservar ou a fazer pesquisas por país

  • Clever Benchmarking: vários dados nacionais como taxas de cancelamento, ocupações das várias regiões do país ou as nacionalidades que mais estão a reservar

  • Entre outras

 

Apesar que as tendências verificadas no passado dificilmente se replicarão num futuro próximo, não poderemos ignorar, no entanto, os nossos dados analíticos internos, pelo que continua a ser crucial conhecer e compreender a booking window dos nossos hóspedes, os padrões por dia de semana e por época, a estada média, o comportamento do competitive set, top de nacionalidades, contas, entre tantos outros dados, de forma a haver uma noção real do comportamento da procura ao longo dos anos e a sabermos como responder assim que se verifiquem os primeiros sinais de retoma, mas não menos importante a saber como estabelecer estratégias e táticas para fazer face aos desafios do presente.

Apesar de 2020 ter sido um ano atípico, a quantidade de dados e análises necessárias é mais elevada do que antes, pois precisamos de análises diferentes, mais profundas e direcionadas, pois tal significa estar mais bem preparado para a recuperação. Agora mais do que nunca, é defendida, nomeadamente pela Secretária de Estado do Turismo Rita Marques e o Presidente do Turismo de Portugal Luís Araújo em várias ocasiões, a urgência de tornar o sector hoteleiro mais tecnológico, digital, profissionalizando estruturas de forma mais eficiente.  Assim, soluções como um Revenue Management System com Inteligência Artificial na previsão de ocupação e recomendação de preços, ferramentas de Business Intelligence, entre outras serão críticos na rapidez e eficácia de recuperação das unidades hoteleiras.


 
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